Ao me identificar na criação deste Blog, o termo "paulistana" foi destacado.
Hoje, ao acordar, e me remeter imediatamente às comemorações que estão sendo feitas, por ocasião do aniversário de 455 anos da cidade de São Paulo, pensei neste item de minha apresentação: "paulistana".
Sou muitas e várias, e uma das minhas marcas é ser "paulistana"!
Nasci no bairro da Lapa, cresci na periferia, e durante bons anos de minha vida (até os 16 anos, mais ou menos) minha circulação pela cidade era bem restrita.
Mas, a adolescência veio, e junto com ela, tantas descobertas! E uma das felizes descobertas, que aponta novas facetas cotidianamente, é deste centro urbano, e, periférico ao mesmo tempo, batizado de São Paulo!
Sou uma paulistana orgulhosa desta cidade. Claro, não existe ingenuidade nenhuma neste orgulho... muitas vezes, também me envergonho - na maioria das vezes - com as pessoas do poder público que negligenciam tantos cuidados necessários à uma cidade deste porte, que acolhe (ainda acolhe) muitas pessoas e muitos povos, oriundos das mais diversas regiões, e pelos motivos mais variados!
Os "Novos Bahianos", quando de sua chegada à cidade, manifestaram muitas reações! Gosto muito da reação que Caetano Veloso deixou registrada:
SAMPA
Caetano Veloso
"...Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa..."
Obs.:
Quilombo = Refúgio dos escravos negros que fugiam.
Zumbi = líder do maior quilombo que já houve.
Para mim, esta composição é totalmente feliz ao retratar a cidade e os sentimentos causados por quem está chegando! Continua atual! E, engana-se quem pensa que este sentimento é somente de quem chega de outras bandas... já fui e continuo sendo acometida por estes sentimentos muitas e muitas vezes, em diversas situações vividas nesta cidade!
"...e os paulistanos te podem curtir numa boa!..."
É uma mescla paradoxal de sensações, sentimentos e experiências morar aqui!
PARABÉNS SÃO PAULO!
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