Ao assistir ao filme "O Curioso Caso de Benjamin Button", inspirado no conto de F.Scott Fitzgerald, dirigido por David Fincher, sai do cinema com uma daquelas raras sensações de prazer, misturado à uma certa tristeza melancólica.
E, fiquei a pensar nas constantes variações, fascinações e inquietações que o tema "Tempo" exerce sobre mim, e sobre várias pessoas com as quais me relaciono.
Somos nós, desde nossa origem, seres que refletem sobre sua própria finitude. Estas reflexões se expressaram e continuam a se expressar em diversas obras ficcionais, científicas, literárias, e etc...O fato de sabermos de nossa finitude nos coloca diante de várias questões: o que escolher, como viver, casar (com quem), não casar, ter filhos (com quem), não ter...entre várias outras relacionadas ao que cada um de nós valoriza em nosso percurso.
O que me deixou feliz ao assistir este filme, foi a forma como o diretor pôde nos proporcionar reflexões sobre os fatos da vida de forma tão sábia, dolorida e, ao mesmo tempo poética! Explico: o rapaz em questão - Benjamin Button nasce velho...isso mesmo, é um bebê que nasce velho, com todos os problemas que qualquer pessoa na faixa de seus 80 anos apresenta. Rugas em demasia, artrite, catarata nos olhos, e etc...É um bebê monstruoso, nas palavras do próprio pai que o deixa na escada de uma casa que abriga velhos, porque não consegue suportar a situação de ver o filho tal como é, e suponho eu, ainda ter perdido a mulher no parto deste ser. Nos encontramos aí, diante de um dilema totalmente atual: o abandono de crianças e velhos. Dilema atual, porque nesta sociedade que valoriza e reforça o discurso da juventude eterna e dos padrões midiáticos de beleza, o que parece estar em voga é ser um adolescente eterno...belo e medíocre...Entendam que não estou fazendo uma crítica à adolescência como fase da vida, e sim a um sistema vigente.
Dentro desta lógica, as crianças e os velhos ficam nos pólos, e não raro, sofrem rejeições e abandonos, de formas variadas. Porque cuidar das crianças e dos velhos requer amor, compaixão, generosidade e maturidade. Qualidades que se expressam em gestos que eu mesma, muitas vezes, tenho dificuldades em exercer.
Crianças e velhos... Benjamin é um velho criança, ávido por conhecer a vida, e o mundo que vai se desvendando aos seus olhos, através dos personagens do filme!
Sejamos crianças, adolescentes, adultos ou velhos, estamos sempre a mercê do TEMPO! É este senhor que dita as regras...e que, muitas das vezes, nos prega peças.
Oxalá pudéssemos todos ter a serenidade e ousadia, bem representadas pelos atores Brad Pitt e Cate Blanchett em suas atuações. Em nenhum momento os personagens abrem mão de viver o que tem que viver, porque sabem que o tempo é implacável! E por isso mesmo não economizam vida! Fazem correções de rota, como seria adequado a qualquer um de nós, porém, não abrem mão de viver. O pacto deles é com a vida! Sabedores que são da morte, vão em busca de seus ideais e sonhos. Para mim, este é o ganho ao assistir ao filme: em nenhum momento existe a negação da finitude, porém, ao mesmo tempo, os personagens, em suas interpretações dão lições de como não negar a vida, em suas diversas manifestações. Esta é poesia!
Sai feliz, e ao mesmo triste do cinema, porém, com a sensação de que a vida vale a pena!
MUITO LEGAL, ANA!
ResponderExcluirÉ IMPORTANTE NÃO ARRISCAR QUE AS COISAS DA VIDA POSSAM ESCAPAR, POIS É ISSO QUE OCORRE QUANDO ELAS FICAM SÓ CONOSCO, SEM UMA INTERLOCUÇÃO E SEM UM REGISTRO.
UM BEIJO,
M TERESA