terça-feira, 19 de maio de 2009

NOTÍCIAS E INTERESSES...

Sem qualquer pretensão ficcional, os grandes jornais do eixo Rio-São Paulo não deram, sequer nas dobras inferiores da capa, uma notícia que, pela relevância, deveria ser objeto de destaque, com direito à análise de colunistas e menção em editoriais: a concessão, pela Unesco, do Prêmio de Fomento da Paz Félix Houphouët-Boigny 2008, ao presidente Lula. Novamente a constatação se impõe: quando a informação deixa de se submeter a outro imperativo que não seja o do aprofundamento democrático, a liberdade desejada se apresenta como sua própria contrafação.
O noticiário sobre o fato se resumiu a pequenas colunas nas páginas internas, praticamente reproduzindo o comunicado do organismo da ONU. A TV Globo ignorou totalmente o fato, evidenciando, mais uma vez, a clara partidarização que define os critérios de noticiabilidade da emissora, e seu caráter de prestadora de serviços a uma oposição que tem no denuncismo vazio sua única forma de ação.
Ora, se levarmos em conta que a narrativa midiática, desde 2003, segue o mesmo diapasão, apresentando o governo como algo pontuado por descompassos entre discursos e práticas, entre retórica e realidade, sem projetos nas áreas de educação, saúde e infra-estrutura, a premiação do presidente deve mesmo ser ocultada de todas as formas possíveis. Afinal, mais que uma distinção honorífica a um chefe de Estado, que é definido nas páginas como alguém que “se limita a requentar e rebatizar programas da administração anterior”, os motivos apresentados pelo júri expressam a deslegitimação de um jornalismo que já não convence mais ninguém quanto a sua alegada seriedade e isenção.
Quando o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, diz que Lula foi escolhido “por seu trabalho em prol da paz, do diálogo, da democracia, da justiça social e da igualdade de direitos, assim como por sua inestimável contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos das minorias", os nossos escribas sentem que sua produção diária, mais uma vez, foi estilhaçada.
Sempre que lhes tiram o chão, rasgando os pés de quem anda na contramão da história, os profissionais da imprensa de pequenos favores sabem que não lhes restam saídas: ou baixam o teor de predisposição ideológica com que tratam a figura do presidente ou continuam enquadrando a cobertura com o viés partidarizado, classista, que tem transformado redações nos maiores celeiro de ghost-writes da história republicana.
Produzir textos para terceiros - políticos conservadores, empresários e velhos oligarcas - pode ser rentável, mas traz contratempos. O Prêmio de Fomento da Paz Félix Houphouët-Boigny revela o que acontece quando o baronato midiático joga suas fichas em um projeto que “vai muito além do papel de um jornal”.
A conhecida promiscuidade da grande imprensa com o antigo bloco de poder (PSDB / DEM) determina os enquadramentos noticiosos. Foi esse o critério editorial que decidiu que a iniciativa da Unesco deveria ser a "notícia que não estava lá".
A mais nova produção das famílias Marinho, Mesquita e Frias deveria ser rodada em moderníssima tecnologia de impressão, mesclando esquecimento, desinformação e uma aposta clara na cumplicidade do leitor.
E assim foi feito. Sem roteiro razoável, diálogos sutis ou reviravoltas surpreendentes, o jornalismo nativo deu mais um passo para se afirmar como “comédia de erros”, gênero no qual parece operar com mais desenvoltura. Há enormes chances de êxito. A corte costuma pagar bem a seus bobos mais notáveis.

Por Gilson Caroni Filho
Professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.

domingo, 17 de maio de 2009

SUPER HERÓIS

Hoje, a pedido de um garoto muito querido, fui levá-lo para assistir X Men Origens: Wolverine.
A despeito de qualquer crítica a Hollyood, ver o Hugh Jackman na telona foi um deleite. Que homem lindo!

Após assistir ao filme, curtindo cada reação do garoto querido que levei, fiquei pensando nesta temática: SUPER HERÓIS.
Todos eles passam por agruras terríveis na vida, desde muito cedo, com infâncias nada inspiradoras. A diferença é que depois, por algum tipo de ação humana ou divina, adquirem seus super poderes.

E é incrível como o enredo das histórias envolvendo super heróis fascina tanta gente. Hoje, numa sessão próxima de 14 horas, o cinema estava lotado... fiquei surpresa!

O meu companheiro de telona ficava a todo momento me perguntando:
- mas, este é do bem?
- este é do mal?
- por que o que é do mal, ajudou o que é do bem?

Ele já percebeu, em sua cabecinha que nada é tão simples assim! Nem tudo o que parece é!

Puxa... que complexidade... bem e mal...
Este garoto, mesmo tendo uma inteligência bacana para sua idade, ainda não sabe o que é maniqueísmo... Nem sabe ainda quem é o presidente do Irã, que faz seus discursos com tons altamente maniqueístas... assim como os fazia Bush, o filho... (o pai também os fazia?)

Pois é... a vida não é assim...dividida entre bons e maus! Nós sabemos bem disso. De nossas idiossincrasias, nossos paradoxos, nossas contradições.

Mas, para quem ainda não tem repertório para elaborar certas questões, determinado conceitos ainda não tem sentido formado.

Então, por enquanto, tentar entender seus Super Heróis já é uma árdua tarefa!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Contaminações

Depois das revoluções todas, passamos agora, de tempos em tempos, por "ditas" revoluções nas áreas da biomedicina. A cada momento existe um medicamento novo, um gene novo e uma nova promessa que tudo poderá ser resolvido com remédios... Existem até cientistas (renomados) que já apregoam que chegaremos num ponto onde a morte - isso mesmo - a morte, será eliminada!
Porém, enquanto isso não acontece, a cada período de tempo nos deparamos com novas ameaças de contaminação. A mais nova é pelo vírus da nomeada "gripe suína".
E, a partir do pânico que começou no México, pudemos observar toda a mobilização de vários organismos de saúde e outros, para os cuidados necessários.
Tal pânico fêz com que num período de feriado prolongado no México, não se viram (onde sempre se viam) pessoas circulando pela cidade do México - capital, aproveitando o feriado.
Uma cena chamou em especial minha atenção: um parque imenso - parecido com o nosso Parque do Ibirapuera estava vazio! Apenas um casal sentado lendo!
São muitos os paradoxos de nosso tempo! Pessoas pesquisando e investindo muita grana para "eliminar" a morte de nossa existência, enquanto muitas outras morrem por contaminações diversas: por gripes, por falta de saneamento, por falta de recursos básicos...
Paradoxal demais.
Sem contar os medos correntes das pessoas que temem ser "contaminadas" devido aos preconceitos todos que carregam vida afora!
São medos demais de contaminações diversas.
E a vida? E a possibilidade de convivência?
Será que dessas o medo também será senhor de tempos em tempos?