COM - PULSÕES
Pulsão é um conceito utilizado de forma recorrente pela psicanálise.
Pulsamos porque temos muitas energias que nos atravessam e fazem com que nosso desejo se movimente. Diferente dos animais que agem por instinto, nós agimos atravessados pela nossas pulsões, movimentadas pelo desejo, através do psiquismo.
E, o psiquismo humano é formado, desde o nosso nascimento, por diversas instâncias:
familiares, sociais, culturais. Daí, tamanha diversidade!
E, de uma forma ou outra, temos nossas compulsões. Aquelas coisas que fazemos de forma repetitiva, porque ficamos perdidos, muitas vezes, em nossa estrutura que se pauta por vários tipos de faltas existenciais.
Pulsamos tanto, muitas vezes, que as compulsões são um tipo de transbordamento dos desejos e das faltas que não conseguimos conter corpórea e psiquicamente.
Cada um pode pensar em atos bobos (ou nem tão bobos assim) que repete à exaustão, e indo mais longe, pensar nas compulsões mais sérias, como o uso de drogas pesadas, que levam o ser à uma espiral de destruição, porque daí o que impera é um tipo de pulsão de morte.
Escrevo sobre isto, porque fui fazer uma visita profissional à uma clínica de recuperação para pessoas viciadas em álcool e drogas e sai pensando muito sobre o assunto. Neste dia em que estive presente, os familiares das pessoas internadas também foram visitá-los. Presenciei cenas diversas entre as famílias e as pessoas que estão em recuperação, e entre estas cenas, várias me deixaram mais reflexivas.
Fiquei aproximadamente 5 horas na clínica. Tempo que me permitiu compartilhar de um trabalho sério, onde existem possibilidades reais para aqueles que querem entender a si mesmos, a estrutura familiar em que estão, e sua sociedade. E escolher a busca de um caminho que conduza para uma pulsão de vida, invertendo a lógica perversa que o uso de drogas conduz. Nada simples, ao contrário, bem complexo, principalmente numa sociedade que prima em estimular demasiadamente nossas pulsões mais primitivas, através dos bens de consumo. Porém, a recuperação é possível para aqueles que, vítimas de suas compulsões, se encontram prisioneiros de si mesmos. Porque também se faz necessário movimentar o desejo em prol da PULSÃO DE VIDA, exercendo o pensamento sobre nossas ações! Viver dá trabalho!