O dia de "Finados", com suas diversas expressões, reatualiza-nos sobre nossa finitude.
Cada um de nós, a sua maneira (orações, visitas a cemitérios, choros) velamos por nossos mortos..
Talvez, até para a elaboração de que também morreremos.
A questão se istala aí: também morreremos. Para mim, a qualidade de nossa vida está diretamente vinculada à relação que estabelecemos com nossa finitude.
A insistência da sociedade contemporânea em investir cada vez mais em subterfúgios técnicos e instrumentais para "retardar" o processo de envelhecimento e morte me sugere que as pessoas vivem cada vez pior. Por viverem de forma superficial, sem entrar em contato com suas próprias questões mais profundas, precisam de "atalhos artificiais" que criam uma certa ilusão de juventude eterna e imortalidade.
Estão ai:
- as estatísticas da chamada "estética sintética": cirurgias plásticas feitas por puro narcisismo, sem necessidades reais.
- as internações em UTI's - ambientes sem nenhum aconchego e afeto - que se prolongam, muitas vezes por insistência familiar, sem que o moribundo tenha qualidade genuina dos dias vividos, e onde não pode desfrutar da presença das pessoas com quem passou a maior parte de sua vida. Ironicamente, na hora de sua morte, não pode receber o toque de carinho, tão vital. É relegado a um ambiente hospitalar, com equipes distantes, que muito raramente, se dispõem à uma conversa digna com a família.
Oxalá Deus me conceda a graça de morrer dignamente, no aconchego do ambiente que me apraz, desfrutando o maior tempo possível da companhia das pessoas queridas. Porque morrer assim, significa que vivo assim, com dignidade, prazer e convivência genuina.
Vida e Morte fazem parte do mesmo ciclo, mesmo que a negação disso seja a pauta de nossos dias.
VIVER MORRER MORRER VIVER...
Nenhum comentário:
Postar um comentário