sábado, 24 de outubro de 2009

VIDA LIQUIDA

Dias atrás escrevi sobre CAUSAS. Depois disso fiquei pensando em alguns outros aspectos, não para justificar o que escrevi anteriormente, e sim para continuar refletindo. E, após conversas com queridos amigos (Laudo Bonifácio e Marco Antonio Rosa) ampliei questões.
O sociólogo Zygmunt Baumman tem escrito muito sobre o império de uma vida liquida nos tempos que correm. Para saber detalhes, consulte seus livros, procurando pelo nome de autor. Entenderá o conceito de "LIQUIDEZ" impresso em suas obras.
Em sua definição, a modernidade líquida é um momento em que a sociedade humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada em alguns processos, como a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no espaço social, a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e competição e a colocação da responsabilidade por eventuais fracassos no plano individual.
Pois bem, segundo o autor, vivemos tempos liquidos com relação aos aspectos da vida social. Tempos em que imperam o acirramento do individualismo, a truculência nas relações e o imperativo do eu em detrimento no nós. Paradoxalmente, tempos onde o discurso e as ações relativas aos direitos como cidadão aumentaram, os direitos do sujeito são respeitados por força de lei, mas que, ao invés destes direitos ampliarem o senso de coletividade, moveram a seta para um hedonismo desmedido. Sociedades capitalistas que movem, pelos discursos construidos politicamente através de midias poderosas, os sujeitos em direção ao gozo imediato.
Impera o discurso de "consuma e aja para o seu prazer absolutamente individual, nem que para isso você prejudique todos os que estão à sua volta".
Para Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a situação do mundo hoje é paradoxal. “De um lado, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro, tem-se a impressão de que as relações inter-pessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia”.
Fiquei refletindo neste pontos porque ainda sou um ser que se indigna com o egoismo e egocentrismo desmedidos, em detrimento de causas que possam beneficiar grupos maiores.
Não sou ingênua, e sei que temos, dia a dia que estar na labuta e merecemos sim nossos prazeres! Pequenos prazeres: cervejinha ou caiprinha com quem curtimos, sexo gostoso, jogar conversa fora, uma comidinha boa, um lugar para morar decentemente, transporte mais respeitoso... Não sou daquelas que desmerecem o prazer das ações pequenas! Ao contrário.
O que pretendo com minha reflexão é brindar as ações que merecemos como pessoas com suas singularidades, e ao mesmo tempo, provocar a mim mesma e a você que respeitosamente lê o que escrevo, a nadar "CONTRA A MARÉ" desta vida liquida e egoista que impera!

UM BRINDE À INCONFORMIDADE COM A LIQUIDEZ DA VIDA!

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