segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

SIMPLICIDADES COMPLEXIDADES

"...Ora, direis, ouvir estrelas!" canta o poeta.

"...Sim, temos olhos e ouvidos para os signos que expressam o novo. Na vida, nossos passos são conduzidos por estrelas, sonhos e ambições que simbolizam a fonte de felicidade. Nunca estamos satisfeitos com o que somos ou temos. Feitos de matéria transcendente, trafegamos no labirinto da existência seduzidos pelo absurdo, mas famintos de absoluto.

Hoje, nosso mal estar advém desse horizonte estreito em que miramos estrelas cadentes; raras ascendentes. Iniciamos o século  e o milênio como aprendizes de deuses, capazes de engendrar a vida em provetas e possuir olhos eletrônicos, sem, no entanto, erradicar a fome, a desigualdade, a injustiça.

Somos órfãos da esperança. Quase tudo está ao alcance do poder do dinheiro, exceto o que mais carecemos: um sentido para a vida. Calam-se as filosofias, confinadas aos limites da linguagem; desaparecem as utopias, travestidas no mesquinho desejo de poder e posse de refinados objetos; enquanto as religiões cedem às exigências do Mercado e oferecem o lúdico a quem busca luz, sem abrir as portas que nos conduzam à inefável experiência de Deus.

E agora José? Agora é mudar os sentidos do Natal e a nós próprios. Procurar o brilho da estrela  (que orientava os Reis Magos) em nossas inquietações mais profundas. Descobrir a presença do Menino Jesus em nosso coração. E, como sugeriu Jesus a Nicodemos, ousar renascer em gestos de carinho e justiça, solidariedade e alegria..."
(Frei Betto)   

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