Fui assistir ao filme JUVENTUDE, dirigido por Domingos Oliveira.
Na película, a história de três distintos senhores, que estão entre 65/70 anos.
Longe de conter qualquer lição moralista, o filme quebra com as visões "tradicionais" que determinados grupos sociais insistem em manter em seus discursos sobre o envelhecimento.
Para mim, trouxe uma perspectiva do universo masculino muito lúdica, realista e divertidíssima.
Foi bom assistir ao filme com um olhar feminino mais leve sobre algumas das maneiras com que os homens se relacionam com a vida!
Escrevo isso, porque, talvez, com meus 20 anos de idade, iria abominar muitas das questões apontadas ali. Porque com 20 anos era absolutamente imatura!
Mas, agora, com as boas novidades que a vida vai trazendo, devido à sua própria dinâmica e às próprias escolhas que fui fazendo, ver o filme foi um presente! Diria até que um certo tipo de aula sobre diversas facetas do universo masculino! Que deleite!
Fazer um filme que tráz três homens envelhecendo e tentando dialogar com os diversos homens que já foram não é pouca coisa!
Sugiro que assistam à película e realizem suas próprias leituras e reflexões!
Este não é um blog da cachaça 51. É um singelo blog que serve como instrumento para que sua redatora amplie a busca por sentidos possíveis!
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
OUSADIAS...E, SUTILEZAS...
Já escrevi aqui que sou muitas e sou várias (assim me sinto!)
Uma das minhas facetas é achar graça nas sutilezas do cotidiano. Sou uma observadora e uma ouvinte de pessoas. Isso fica ampliado porque tenho o privilégio de trabalhar num local onde a movimentação do público é intensa, então, imaginem como me divirto! São sutilezas que se manifestam silenciosamente, com as quais me delicio.
O bom e velho Freud nos deixou ótimas justificativas para nos relacionarmos com nossas fantasias da forma como nos sentirmos melhor.
Entendam: não quero dizer com isso, que defendo as fantasias patológicas, que causam danos a terceiros. Falo aqui das nossas fantasias, as mais diversas, incluindo-as no rol das fantasias inofensivas, que só servem para o nosso próprio deleite. E, o mais instigante para mim, é que nessas viagens fantasiosas podemos nos divertir com os gestos sutis e também, audaciosos, das pessoas que ocupam nossa atenção e pensamento.
Olhares apaixonados de amantes que são, e as vezes não são correspondidos, olhares maliciosos e cheios de desejo para os decotes femininos e rebolados audaciosos, sorrisos marotos que aparecem no rosto de leitores ávidos, conversas profundas que alguns travam consigo mesmos, em verdadeiras batalhas verbais! Nossa, são tantas as nuances!
Dia desses, um homem, na faixa de 70 e poucos anos me abordou. Somos conhecidos deste local onde trabalho, e por sermos ambos, pessoas simpáticas, passamos a trocar bocadinhos de prosa.
Voltando: ele me abordou e disse:
- posso lhe fazer uma pergunta meio delicada?
- disse-lhe: coragem!
- sabe aquela moça (assim e assim), e eu lhe disse, claro...
- vc sabe se ela é casada?
E daí veio a resposta direta, mas que fiquei triste em lhe dar, por já ter entendido o motivo da pergunta.
- ela é... e bem apaixonada pelo maridão pelo que conversamos!
Ele, com toda a sua simpatia e bom humor, me disse:
- que pena! acho ela um docinho! se ela não fosse casada, investiria para conquistá-la.
Sorri para ele, que agradeceu.
E sorrindo, sai.
A moça em questão tem uns 30 anos a menos que ele!
Após este dia, passei a ter mais carinho por ele, admirar sua coragem e audácia!
Estas são boas amostras de bem viver!
Que privilégio ter este ser a circular perto de meus olhos, e ainda, confiar em mim, a ponto de confidenciar um affair!
Obrigada, Mr. Simpatia!
Uma das minhas facetas é achar graça nas sutilezas do cotidiano. Sou uma observadora e uma ouvinte de pessoas. Isso fica ampliado porque tenho o privilégio de trabalhar num local onde a movimentação do público é intensa, então, imaginem como me divirto! São sutilezas que se manifestam silenciosamente, com as quais me delicio.
O bom e velho Freud nos deixou ótimas justificativas para nos relacionarmos com nossas fantasias da forma como nos sentirmos melhor.
Entendam: não quero dizer com isso, que defendo as fantasias patológicas, que causam danos a terceiros. Falo aqui das nossas fantasias, as mais diversas, incluindo-as no rol das fantasias inofensivas, que só servem para o nosso próprio deleite. E, o mais instigante para mim, é que nessas viagens fantasiosas podemos nos divertir com os gestos sutis e também, audaciosos, das pessoas que ocupam nossa atenção e pensamento.
Olhares apaixonados de amantes que são, e as vezes não são correspondidos, olhares maliciosos e cheios de desejo para os decotes femininos e rebolados audaciosos, sorrisos marotos que aparecem no rosto de leitores ávidos, conversas profundas que alguns travam consigo mesmos, em verdadeiras batalhas verbais! Nossa, são tantas as nuances!
Dia desses, um homem, na faixa de 70 e poucos anos me abordou. Somos conhecidos deste local onde trabalho, e por sermos ambos, pessoas simpáticas, passamos a trocar bocadinhos de prosa.
Voltando: ele me abordou e disse:
- posso lhe fazer uma pergunta meio delicada?
- disse-lhe: coragem!
- sabe aquela moça (assim e assim), e eu lhe disse, claro...
- vc sabe se ela é casada?
E daí veio a resposta direta, mas que fiquei triste em lhe dar, por já ter entendido o motivo da pergunta.
- ela é... e bem apaixonada pelo maridão pelo que conversamos!
Ele, com toda a sua simpatia e bom humor, me disse:
- que pena! acho ela um docinho! se ela não fosse casada, investiria para conquistá-la.
Sorri para ele, que agradeceu.
E sorrindo, sai.
A moça em questão tem uns 30 anos a menos que ele!
Após este dia, passei a ter mais carinho por ele, admirar sua coragem e audácia!
Estas são boas amostras de bem viver!
Que privilégio ter este ser a circular perto de meus olhos, e ainda, confiar em mim, a ponto de confidenciar um affair!
Obrigada, Mr. Simpatia!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
LUZES E SOMBRAS!
Tenho um querido amigo com quem troco muitas figurinhas intelectuais!
Pena que ele agora está longe. Mas, mesmo assim, conseguimos trocá-las ainda, virtualmente.
Não tem a mesma graça, mas é sempre bom!
E, nesta troca de idéias, ficamos a falar sobre luz e sombra numa perspectiva religiosa!
Daí que eu fiquei a pensar nisso...
Vivo um momento delicado, devido a uma pessoa muito querida se encontrar com um problema de saúde! E, nestas horas, a carga emocional aumenta muito! É um exercício digno de um malabarista equilibrar todas as emoções que vem à tona!
E, exercício maior ainda, mais complexo, é tentar compreender todos os envolvidos, compreender a si mesma, e tentar se fazer compreender. Surgem con-fusões! Conflitos afloram ainda mais! Fico tentando, num constante exercício de reflexão e elaboração, não sucumbir, e me esconder atrás de minhas sombras! Porque o lado sombrio também aflora!
Como muitos de nós já ouvimos na famosa série GUERRA NAS ESTRELAS - uma voz fica as vezes a sussurrar - : "...venha para o lado negro da força..." Metaforicamente, penso que esta menção ilustra o que considero o lado sombrio!
Porém, como sempre procuro exercitar a lucidez, busco a luz da reflexão e do pensamento, para ser só um pouquinho do personagem "Mestre Yoda", e seguir me iluminando!
Que as luzes todas se acendam!
Pena que ele agora está longe. Mas, mesmo assim, conseguimos trocá-las ainda, virtualmente.
Não tem a mesma graça, mas é sempre bom!
E, nesta troca de idéias, ficamos a falar sobre luz e sombra numa perspectiva religiosa!
Daí que eu fiquei a pensar nisso...
Vivo um momento delicado, devido a uma pessoa muito querida se encontrar com um problema de saúde! E, nestas horas, a carga emocional aumenta muito! É um exercício digno de um malabarista equilibrar todas as emoções que vem à tona!
E, exercício maior ainda, mais complexo, é tentar compreender todos os envolvidos, compreender a si mesma, e tentar se fazer compreender. Surgem con-fusões! Conflitos afloram ainda mais! Fico tentando, num constante exercício de reflexão e elaboração, não sucumbir, e me esconder atrás de minhas sombras! Porque o lado sombrio também aflora!
Como muitos de nós já ouvimos na famosa série GUERRA NAS ESTRELAS - uma voz fica as vezes a sussurrar - : "...venha para o lado negro da força..." Metaforicamente, penso que esta menção ilustra o que considero o lado sombrio!
Porém, como sempre procuro exercitar a lucidez, busco a luz da reflexão e do pensamento, para ser só um pouquinho do personagem "Mestre Yoda", e seguir me iluminando!
Que as luzes todas se acendam!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
INS-PIRAÇÕES
Como representante desta espécie a que chamamos "humana, tenho minhas pirações! E, minhas ins-pirações! Considero que todo ato humano de expor idéias vale-se de inspiração e de piração!
A aventura é sempre instigante, porque neste vai e vém de idéias, o mundo tem conhecido idéias e invenções geniais!
Hoje, tô mais para piração do que para ins-piração!
Vou ficando por aqui! Matutando mais nestas pirações que insistem em ocupar meus pensamentos!
Para, talvez, escrever algo mais inspirado em próximas oportunidades!
A aventura é sempre instigante, porque neste vai e vém de idéias, o mundo tem conhecido idéias e invenções geniais!
Hoje, tô mais para piração do que para ins-piração!
Vou ficando por aqui! Matutando mais nestas pirações que insistem em ocupar meus pensamentos!
Para, talvez, escrever algo mais inspirado em próximas oportunidades!
domingo, 25 de janeiro de 2009
SÃO PAULO...SER PAULISTANA...
Ao me identificar na criação deste Blog, o termo "paulistana" foi destacado.
Hoje, ao acordar, e me remeter imediatamente às comemorações que estão sendo feitas, por ocasião do aniversário de 455 anos da cidade de São Paulo, pensei neste item de minha apresentação: "paulistana".
Sou muitas e várias, e uma das minhas marcas é ser "paulistana"!
Nasci no bairro da Lapa, cresci na periferia, e durante bons anos de minha vida (até os 16 anos, mais ou menos) minha circulação pela cidade era bem restrita.
Mas, a adolescência veio, e junto com ela, tantas descobertas! E uma das felizes descobertas, que aponta novas facetas cotidianamente, é deste centro urbano, e, periférico ao mesmo tempo, batizado de São Paulo!
Sou uma paulistana orgulhosa desta cidade. Claro, não existe ingenuidade nenhuma neste orgulho... muitas vezes, também me envergonho - na maioria das vezes - com as pessoas do poder público que negligenciam tantos cuidados necessários à uma cidade deste porte, que acolhe (ainda acolhe) muitas pessoas e muitos povos, oriundos das mais diversas regiões, e pelos motivos mais variados!
Os "Novos Bahianos", quando de sua chegada à cidade, manifestaram muitas reações! Gosto muito da reação que Caetano Veloso deixou registrada:
SAMPA
Caetano Veloso
"...Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa..."
Obs.:
Quilombo = Refúgio dos escravos negros que fugiam.
Zumbi = líder do maior quilombo que já houve.
Para mim, esta composição é totalmente feliz ao retratar a cidade e os sentimentos causados por quem está chegando! Continua atual! E, engana-se quem pensa que este sentimento é somente de quem chega de outras bandas... já fui e continuo sendo acometida por estes sentimentos muitas e muitas vezes, em diversas situações vividas nesta cidade!
"...e os paulistanos te podem curtir numa boa!..."
É uma mescla paradoxal de sensações, sentimentos e experiências morar aqui!
PARABÉNS SÃO PAULO!
Hoje, ao acordar, e me remeter imediatamente às comemorações que estão sendo feitas, por ocasião do aniversário de 455 anos da cidade de São Paulo, pensei neste item de minha apresentação: "paulistana".
Sou muitas e várias, e uma das minhas marcas é ser "paulistana"!
Nasci no bairro da Lapa, cresci na periferia, e durante bons anos de minha vida (até os 16 anos, mais ou menos) minha circulação pela cidade era bem restrita.
Mas, a adolescência veio, e junto com ela, tantas descobertas! E uma das felizes descobertas, que aponta novas facetas cotidianamente, é deste centro urbano, e, periférico ao mesmo tempo, batizado de São Paulo!
Sou uma paulistana orgulhosa desta cidade. Claro, não existe ingenuidade nenhuma neste orgulho... muitas vezes, também me envergonho - na maioria das vezes - com as pessoas do poder público que negligenciam tantos cuidados necessários à uma cidade deste porte, que acolhe (ainda acolhe) muitas pessoas e muitos povos, oriundos das mais diversas regiões, e pelos motivos mais variados!
Os "Novos Bahianos", quando de sua chegada à cidade, manifestaram muitas reações! Gosto muito da reação que Caetano Veloso deixou registrada:
SAMPA
Caetano Veloso
"...Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa..."
Obs.:
Quilombo = Refúgio dos escravos negros que fugiam.
Zumbi = líder do maior quilombo que já houve.
Para mim, esta composição é totalmente feliz ao retratar a cidade e os sentimentos causados por quem está chegando! Continua atual! E, engana-se quem pensa que este sentimento é somente de quem chega de outras bandas... já fui e continuo sendo acometida por estes sentimentos muitas e muitas vezes, em diversas situações vividas nesta cidade!
"...e os paulistanos te podem curtir numa boa!..."
É uma mescla paradoxal de sensações, sentimentos e experiências morar aqui!
PARABÉNS SÃO PAULO!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
OLHARES...
Hoje fui assistir à uma peça de teatro: SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO, adaptada de William Shakespeare, por três companhias teatrais: Teatro de La Plaza, Teatro Por um Triz e Cia. Patética. Três Companhias Teatrais pelas quais tenho enorme respeito.
O fato em si não tráz nada de tão novo... uma peça de teatro, três companhias de teatro empenhadas num projeto arrojado...e um resultado muito bom!
O que, fora a peça teatral, me chamou e prendeu a atenção foram os olhares...
A peça foi apresentada num CEU (Centro Educacional Unificado) na Zona Leste de São Paulo, num bairro muito distante do pólo cultural da capital paulistana.
E os olhares...olhares das crianças que ficaram magnetizadas e intrigadas com um texto que não é simples, porém vai se decodificando para cada uma delas, decodificação expressa em seus olhares...na atenção totalmente voltada para o que estava acontecendo no palco...palco estendido...
Apesar das Companhias recomendarem a peça para crianças a partir de 9 anos, após a apresentação, ao conversar com várias crianças que estavam próximas a mim, e nas quais mantive minha atenção durante a apresentação, perguntei suas idades. Várias disseram ter entre 5 a 8 anos... E, ao serem perguntadas sobre o que entenderem e apreciaram da apresentação, conseguiram relatar sensações e impressões vindas diretamente de suas subjetividades, suas vivências internas, de seus olhares brilhantes e ávidos pelo que se colocava diante delas...
A grande parte destas crianças são negras! Seus olhares me emocionaram...Estamos no Brasil, e sabemos que nossas contradições e paradoxos são imensos...
Mesmo ouvindo vários atores relatando que esta montagem seria melhor aproveitada por um público de faixa etária maior (o que nem discordo), a oportunidade que estas crianças todas tiveram e vem tendo com estes projetos, não lhe devem ser furtadas. E mais, precisam ser oportunidades ampliadas e fomentadas pelo poder público, instituições culturais, companhias teatrais e todos aqueles que mantém firme a convicção de que arte e educação deveriam ser sempre companheiras de viagem. Instrumentos que fornecem às crianças possibilidades de aumentar seus repertórios individuais e criam novas rotas para a leitura da realidade que as cerca.
Emoção... emoção pelos olhares...
O fato em si não tráz nada de tão novo... uma peça de teatro, três companhias de teatro empenhadas num projeto arrojado...e um resultado muito bom!
O que, fora a peça teatral, me chamou e prendeu a atenção foram os olhares...
A peça foi apresentada num CEU (Centro Educacional Unificado) na Zona Leste de São Paulo, num bairro muito distante do pólo cultural da capital paulistana.
E os olhares...olhares das crianças que ficaram magnetizadas e intrigadas com um texto que não é simples, porém vai se decodificando para cada uma delas, decodificação expressa em seus olhares...na atenção totalmente voltada para o que estava acontecendo no palco...palco estendido...
Apesar das Companhias recomendarem a peça para crianças a partir de 9 anos, após a apresentação, ao conversar com várias crianças que estavam próximas a mim, e nas quais mantive minha atenção durante a apresentação, perguntei suas idades. Várias disseram ter entre 5 a 8 anos... E, ao serem perguntadas sobre o que entenderem e apreciaram da apresentação, conseguiram relatar sensações e impressões vindas diretamente de suas subjetividades, suas vivências internas, de seus olhares brilhantes e ávidos pelo que se colocava diante delas...
A grande parte destas crianças são negras! Seus olhares me emocionaram...Estamos no Brasil, e sabemos que nossas contradições e paradoxos são imensos...
Mesmo ouvindo vários atores relatando que esta montagem seria melhor aproveitada por um público de faixa etária maior (o que nem discordo), a oportunidade que estas crianças todas tiveram e vem tendo com estes projetos, não lhe devem ser furtadas. E mais, precisam ser oportunidades ampliadas e fomentadas pelo poder público, instituições culturais, companhias teatrais e todos aqueles que mantém firme a convicção de que arte e educação deveriam ser sempre companheiras de viagem. Instrumentos que fornecem às crianças possibilidades de aumentar seus repertórios individuais e criam novas rotas para a leitura da realidade que as cerca.
Emoção... emoção pelos olhares...
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
TEMPOS E TEMPOS..."O Curioso Caso de Benjamin Button"
Ao assistir ao filme "O Curioso Caso de Benjamin Button", inspirado no conto de F.Scott Fitzgerald, dirigido por David Fincher, sai do cinema com uma daquelas raras sensações de prazer, misturado à uma certa tristeza melancólica.
E, fiquei a pensar nas constantes variações, fascinações e inquietações que o tema "Tempo" exerce sobre mim, e sobre várias pessoas com as quais me relaciono.
Somos nós, desde nossa origem, seres que refletem sobre sua própria finitude. Estas reflexões se expressaram e continuam a se expressar em diversas obras ficcionais, científicas, literárias, e etc...O fato de sabermos de nossa finitude nos coloca diante de várias questões: o que escolher, como viver, casar (com quem), não casar, ter filhos (com quem), não ter...entre várias outras relacionadas ao que cada um de nós valoriza em nosso percurso.
O que me deixou feliz ao assistir este filme, foi a forma como o diretor pôde nos proporcionar reflexões sobre os fatos da vida de forma tão sábia, dolorida e, ao mesmo tempo poética! Explico: o rapaz em questão - Benjamin Button nasce velho...isso mesmo, é um bebê que nasce velho, com todos os problemas que qualquer pessoa na faixa de seus 80 anos apresenta. Rugas em demasia, artrite, catarata nos olhos, e etc...É um bebê monstruoso, nas palavras do próprio pai que o deixa na escada de uma casa que abriga velhos, porque não consegue suportar a situação de ver o filho tal como é, e suponho eu, ainda ter perdido a mulher no parto deste ser. Nos encontramos aí, diante de um dilema totalmente atual: o abandono de crianças e velhos. Dilema atual, porque nesta sociedade que valoriza e reforça o discurso da juventude eterna e dos padrões midiáticos de beleza, o que parece estar em voga é ser um adolescente eterno...belo e medíocre...Entendam que não estou fazendo uma crítica à adolescência como fase da vida, e sim a um sistema vigente.
Dentro desta lógica, as crianças e os velhos ficam nos pólos, e não raro, sofrem rejeições e abandonos, de formas variadas. Porque cuidar das crianças e dos velhos requer amor, compaixão, generosidade e maturidade. Qualidades que se expressam em gestos que eu mesma, muitas vezes, tenho dificuldades em exercer.
Crianças e velhos... Benjamin é um velho criança, ávido por conhecer a vida, e o mundo que vai se desvendando aos seus olhos, através dos personagens do filme!
Sejamos crianças, adolescentes, adultos ou velhos, estamos sempre a mercê do TEMPO! É este senhor que dita as regras...e que, muitas das vezes, nos prega peças.
Oxalá pudéssemos todos ter a serenidade e ousadia, bem representadas pelos atores Brad Pitt e Cate Blanchett em suas atuações. Em nenhum momento os personagens abrem mão de viver o que tem que viver, porque sabem que o tempo é implacável! E por isso mesmo não economizam vida! Fazem correções de rota, como seria adequado a qualquer um de nós, porém, não abrem mão de viver. O pacto deles é com a vida! Sabedores que são da morte, vão em busca de seus ideais e sonhos. Para mim, este é o ganho ao assistir ao filme: em nenhum momento existe a negação da finitude, porém, ao mesmo tempo, os personagens, em suas interpretações dão lições de como não negar a vida, em suas diversas manifestações. Esta é poesia!
Sai feliz, e ao mesmo triste do cinema, porém, com a sensação de que a vida vale a pena!
E, fiquei a pensar nas constantes variações, fascinações e inquietações que o tema "Tempo" exerce sobre mim, e sobre várias pessoas com as quais me relaciono.
Somos nós, desde nossa origem, seres que refletem sobre sua própria finitude. Estas reflexões se expressaram e continuam a se expressar em diversas obras ficcionais, científicas, literárias, e etc...O fato de sabermos de nossa finitude nos coloca diante de várias questões: o que escolher, como viver, casar (com quem), não casar, ter filhos (com quem), não ter...entre várias outras relacionadas ao que cada um de nós valoriza em nosso percurso.
O que me deixou feliz ao assistir este filme, foi a forma como o diretor pôde nos proporcionar reflexões sobre os fatos da vida de forma tão sábia, dolorida e, ao mesmo tempo poética! Explico: o rapaz em questão - Benjamin Button nasce velho...isso mesmo, é um bebê que nasce velho, com todos os problemas que qualquer pessoa na faixa de seus 80 anos apresenta. Rugas em demasia, artrite, catarata nos olhos, e etc...É um bebê monstruoso, nas palavras do próprio pai que o deixa na escada de uma casa que abriga velhos, porque não consegue suportar a situação de ver o filho tal como é, e suponho eu, ainda ter perdido a mulher no parto deste ser. Nos encontramos aí, diante de um dilema totalmente atual: o abandono de crianças e velhos. Dilema atual, porque nesta sociedade que valoriza e reforça o discurso da juventude eterna e dos padrões midiáticos de beleza, o que parece estar em voga é ser um adolescente eterno...belo e medíocre...Entendam que não estou fazendo uma crítica à adolescência como fase da vida, e sim a um sistema vigente.
Dentro desta lógica, as crianças e os velhos ficam nos pólos, e não raro, sofrem rejeições e abandonos, de formas variadas. Porque cuidar das crianças e dos velhos requer amor, compaixão, generosidade e maturidade. Qualidades que se expressam em gestos que eu mesma, muitas vezes, tenho dificuldades em exercer.
Crianças e velhos... Benjamin é um velho criança, ávido por conhecer a vida, e o mundo que vai se desvendando aos seus olhos, através dos personagens do filme!
Sejamos crianças, adolescentes, adultos ou velhos, estamos sempre a mercê do TEMPO! É este senhor que dita as regras...e que, muitas das vezes, nos prega peças.
Oxalá pudéssemos todos ter a serenidade e ousadia, bem representadas pelos atores Brad Pitt e Cate Blanchett em suas atuações. Em nenhum momento os personagens abrem mão de viver o que tem que viver, porque sabem que o tempo é implacável! E por isso mesmo não economizam vida! Fazem correções de rota, como seria adequado a qualquer um de nós, porém, não abrem mão de viver. O pacto deles é com a vida! Sabedores que são da morte, vão em busca de seus ideais e sonhos. Para mim, este é o ganho ao assistir ao filme: em nenhum momento existe a negação da finitude, porém, ao mesmo tempo, os personagens, em suas interpretações dão lições de como não negar a vida, em suas diversas manifestações. Esta é poesia!
Sai feliz, e ao mesmo triste do cinema, porém, com a sensação de que a vida vale a pena!
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