quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VAMPIROS S/A

Vivemos num momento inundado por filmes de vampiros! Vampiros para todos os gostos: para adolescentes, velhos e maduros! Pelo que li, temos à disposição 7 títulos:
- os da Saga Crepúsculo - Crepúsculo (2009), Lua Nova (2009) e Eclipse (Para 2010) - , Sede de Sangue, Matadores de Vampiras Lésbicas, Deixa Ela Entrar, Garota Infernal, True Blood e a série norte-americana da TV paga Vampire Diaries.
A "vampirada" está fazendo a festa, literalmente!
Fiquei pensando sobre essa avalanche vampiresca. Uma das questões que me ocorreu é que nada cai tão bem quanto um "vampirinho" nesta nossa sociedade que se pauta por padrões de consumo como norma de sucesso. "Consumos" de forma desmedida lembram boas sugadas vampirescas; as sensações prazerosas acontecem de fato! A compulsão pelo consumo não é rara. Imaginem a onda que invade o apetite voraz de sugar o que o "mercado" oferece aos vampiros de plantão, a cada novo produto que é lançado com o slogan "de prazer puro" que as diversas midias exploram com muita competência.

Oras, o que é um vampiro? Deixando de lado todo o charme que o cinema confere aos vampiros - e que eu adoro - os vampiros são animais que tem hábitos noturnos e parte destas espécies "suga" suas presas. Metaforicamente, os vampiros cinematográficos são sugadores charmosos, sedutores, crueis e libidinosos. E estão sempre à espreita para sugar a vida de alguém gostoso, charmoso e bonito (homens e mulheres). Nada mais sugestivo para uma sociedade como a nossa, onde muitos discursos se sustentam pautados no extremo de um narcisismo primário e um hedonismo sem limites. O que são seres extremamente narcísicos e hedonistas? Os que vivem de sugar as pessoas para conseguir atingir o que desejam a qualquer custo. Seja lá o que for.

Todas estas linhas que escrevo ainda são expressão das reflexões que venho tecendo devido às questões que levantei quando escrevi sobre CAUSAS. Me parece que existem conexões entre estas questões todas e nossa inércia social. Para que lutar? - podem pensar muitos - se a avalanche vampiresca está ai, a pairar sobre nossas cabeças - até no cinema -, sugando nossas forças e ideais?
Mas, como ainda acredito na UTOPIA, mesmo que ela esteja dentro de minha imaginação somente, penso que podemos andar com bastante alho, crucifixos e argumentos sensatos, inteligentes e astutos para ficar sempre na posição de combate contra estes sugadores que não cansam de tentar minar as forças das pessoas que acreditam em valores mais justos e solidários, com a convicção de que o "mercado" não é a medida para o que uns e outros acreditam ser o sucesso e o último ponto onde se deve chegar nesta vida, a cada nova mercadoria consumida!

domingo, 25 de outubro de 2009

UTOPIA

Acabo de assistir ao espetáculo "TILL, A SAGA DE UM HERÓI TORTO", do Grupo Galpão, de Belo Horizonte/MG. Com relação ao espetáculo: ótimo. Vale a pena! Trata-se da saga de um personagem do folclore alemão - Till - um tipo de anti-herói, que é retratada na Idade Média.
Mas, cheguei pensando no que um dos personagens disse ao final da peça.

"...A UTOPIA não mora em um lugar geográfico. A verdadeira utopia mora em nossa imaginação...".

Por enquanto é só! Quero elaborar e degustar tal afirmação!
Só sei, ainda, que gostei muito de ouvir isso.
Mas, por enquanto é só! Só, por enquanto!

sábado, 24 de outubro de 2009

VIDA LIQUIDA

Dias atrás escrevi sobre CAUSAS. Depois disso fiquei pensando em alguns outros aspectos, não para justificar o que escrevi anteriormente, e sim para continuar refletindo. E, após conversas com queridos amigos (Laudo Bonifácio e Marco Antonio Rosa) ampliei questões.
O sociólogo Zygmunt Baumman tem escrito muito sobre o império de uma vida liquida nos tempos que correm. Para saber detalhes, consulte seus livros, procurando pelo nome de autor. Entenderá o conceito de "LIQUIDEZ" impresso em suas obras.
Em sua definição, a modernidade líquida é um momento em que a sociedade humana experimenta uma transformação que pode ser sintetizada em alguns processos, como a metamorfose do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo em busca de afirmação no espaço social, a passagem de estruturas de solidariedade coletiva para as de disputa e competição e a colocação da responsabilidade por eventuais fracassos no plano individual.
Pois bem, segundo o autor, vivemos tempos liquidos com relação aos aspectos da vida social. Tempos em que imperam o acirramento do individualismo, a truculência nas relações e o imperativo do eu em detrimento no nós. Paradoxalmente, tempos onde o discurso e as ações relativas aos direitos como cidadão aumentaram, os direitos do sujeito são respeitados por força de lei, mas que, ao invés destes direitos ampliarem o senso de coletividade, moveram a seta para um hedonismo desmedido. Sociedades capitalistas que movem, pelos discursos construidos politicamente através de midias poderosas, os sujeitos em direção ao gozo imediato.
Impera o discurso de "consuma e aja para o seu prazer absolutamente individual, nem que para isso você prejudique todos os que estão à sua volta".
Para Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a situação do mundo hoje é paradoxal. “De um lado, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro, tem-se a impressão de que as relações inter-pessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia”.
Fiquei refletindo neste pontos porque ainda sou um ser que se indigna com o egoismo e egocentrismo desmedidos, em detrimento de causas que possam beneficiar grupos maiores.
Não sou ingênua, e sei que temos, dia a dia que estar na labuta e merecemos sim nossos prazeres! Pequenos prazeres: cervejinha ou caiprinha com quem curtimos, sexo gostoso, jogar conversa fora, uma comidinha boa, um lugar para morar decentemente, transporte mais respeitoso... Não sou daquelas que desmerecem o prazer das ações pequenas! Ao contrário.
O que pretendo com minha reflexão é brindar as ações que merecemos como pessoas com suas singularidades, e ao mesmo tempo, provocar a mim mesma e a você que respeitosamente lê o que escrevo, a nadar "CONTRA A MARÉ" desta vida liquida e egoista que impera!

UM BRINDE À INCONFORMIDADE COM A LIQUIDEZ DA VIDA!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

CAUSAS

Quando eu estava no início da adolescência, vivi o período das grandes passeatas pelas DIRETAS JÁ! Foi o meu batismo no considerado "engajamento político". Quanta emoção, quanta novidade... Sentindo que estava participando de algo importante, dentro do "olho do furacão".
Depois vieram outros acontecimentos políticos, dos quais sempre participei de formas diversas.
Fui entender que eram CAUSAS nacionais tempos depois. GRANDES CAUSAS penso eu.
Hoje, ao conversarmos com muitos adolescentes, após a apresentação de uma peça teatral voltada para eles, ficamos passeando por vários temas, e um deles foi se eles (adolescentes) tem causas pelas quais entendem que devem ir à luta.
Foram enumeradas várias questões. Mas, nenhuma delas pareceu convencer boa parte do público como sendo CAUSAS. Fico me perguntando o que está acontecendo conosco. Todos nós. Será que o fato de um homem considerado líder político vindo do povo, que passou por metalúrgicas como operário, foi líder sindical, foi cassado, entrou para a história como um dos fundadores do denominado PARTIDO DOS TRABALHADORES e vem participando da vida política do país pelos meandros oficiais, chegando à Presidência da República nos paralisou?
Será que vivemos esta paralisia no país, sem termos tido coragem de ir às ruas, como cidadadãos e gritar "FORA SARNEY" porque Lula é presidente?
Será que este fato nos impossibilita de lutar novamente por causas políticas nacionais que valham a pena? A exemplo das "DIRETAS JÁ", do pedido de "IMPEACHMENT DO COLLOR", e de fatos que mobilizaram nossa ação em prol do país?
Penso nisso, e participo desta imobilidade que parece imperar...
Teremos novamente a força necessária para as ações coletivas? Estas, tão fundamentais para nos fazer refletir sobre o que significa COLETIVIDADE, SOCIEDADE CIVIL...
Oxalá soprem ventos fortes, que nos façam novamente sair às ruas, gritar e agir por CAUSAS que valham a pena e nos causem enorme senso de participação e coletividade. Que os discursos que nos querem imobilizados, conformados e satisfeitos sejam desconstruidos por ações efetivas, que façam com que tenhamos a certeza de que estas ações coletivas, direcionadas para objetivos maiores sempre valem a pena!
Considero aberta neste blog a temporada para a reflexão! E, espero em breve, que possamos abrir juntos uma nova etapa de saida às ruas para lutar por novas CAUSAS!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

VINGANÇA

É uma situação que se repete quando assisto aos filmes do diretor Quentin Tarantino:
me deleito com a sagacidade do diretor que, à sua maneira, trabalha com muita competência a temática relacionada à vingança. É ótima a possibilidade de, através do cinema, me divertir com um filme como BASTARDOS INGLÓRIOS! O filme é puro devaneio, e me causou enorme prazer! Quem de nós não passou por situações onde teve o imenso desejo de se vingar?
E, cada um sabe os porques de não ter ido às vias de fato da vingança! O desejo da vingança ali presente, pulsando... Então, como a repressão muitas vezes nos impede de cometer atos de vingança, temos filmes como os de Quentin Tarantino que nos causam sensações de redenção, ao mostrar a vingança nua e crua, sem mediação! Me divirto muito com filmes de Tarantino, porque como grande parte dos mortais, estou sujeita à repressão! Dai, que este tipo de filme com os quais a sétima arte nos presenteia, me redimem! A repressão dá uma folga!
Como alguém já afirmou:
"...não sei bem se a arte tem alguma função, mas, com certeza, o mundo seria bem pior sem arte..."
e, seria menos divertido sem Quentin Tarantino e seus filmes...