quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

TRAVESSIA

Licença Poética. O título deste artigo é uma licença poética.

Cada um de nós, que já passou dos 40 anos, com certeza tem boas histórias para contar. E, aqueles que como eu, tem ótimos amigos e amigas, sempre conta e ouve boas histórias.

Compartilhando das dores amorosas de um amigo querido, fiquei a pensar nos vários desdobramentos que a paixão tem na vida do ser apaixonado. Quando estamos totalmente arrebatados pela paixão, o sofrimento de não ter mais o objeto da paixão e o sentimento compartilhado é tão devastador, que a sensação de que me lembro é a de que a morte era premente, literalmente. Que dor avassaladora. Por maus bocados passamos nós, todos os apaixonados. Apaixonados não somente por outros seres humanos. Apaixonados "latu sensu".

Mas, chega a hora de encarar a frustração e mesmo parecendo um chavão, o tempo é que vai curar a ferida aberta pela paixão e transformá-la em cicatriz.

Claro que o tempo é metáfora para o duro trabalho de compreensão, elaboração e ressignificação que precisamos fazer para a devida superação das dores causadas pela paixão.

Depois desse trabalho duro, cada um retoma a vida a partir de referenciais diferentes. Porque durante o processo, é como se a vida ficasse em suspenso. Suspendemos as ações para elaborar e ressignificar o que aconteceu conosco. A devastação é grande e carece de tempo para a reconstrução de si.

Após o trabalho de reconstrução, nos reconhecemos como um novo ser, com novas demandas e novos olhares sobre si e sobre o outro.

Fomos expulsos do paraíso - ou se preferirem - do inferno de nossa idealização. Isso, penso eu, inaugura nossa vida adulta. Infelizmente muitos não conseguem atravessar este portal. Ficam presos num mundo infantilizado. Não convém aqui explorar motivos. Só saber que isso também acontece muito, assim como o fenômeno da paixão.

Penso que o processo é tanto dolorido quanto transformador, e se bem acolhido, nos torna muito mais humanos. Humanos em grau ampliado. Parafraseando uma frase de filósofa conhecida:

"...não nascemos humanos, nos tornamos humanos..."

E, penso que, a paixão é um dos fenômenos que nos constitui como mais humanos, porque mescla e nos faz viver tantos sentimentos e sensações, impossíveis de conter pelo discurso racional, que amplia nossa compreensão da vida, após a passagem por ela.
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Amigo querido, que sabes que escrevi estas linhas inspirada em seu texto:

- BOA TRAVESSIA!

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