domingo, 25 de dezembro de 2011

ENTÃO, É NATAL!

Natal. A "festa cristã".

Muitos de nós lemos e ouvimos acerca da história cristã.
Por meio da bíblia, lemos que um anjo visitou uma moça chamada Maria numa pequena aldeia, na região que hoje conhecemos por Oriente Médio e lhe trouxe a notícia de Deus de que ficaria grávida por meio do Espírito Santo e daria a luz a um menino que seria Homem e Deus. Esse menino foi chamado de Jesus.

O fato é que, após mais de 2000 anos, comemora-se o nascimento desta criança.

Nas minhas viagens pelas abstrações psíquicas, penso que Jesus era um menino bem engraçado, bem humorado, irreverente, inteligente e espirituoso. Isso sempre me passa pela cabeça, devido aos pequenos fragmentos bíblicos sobre sua infância que, volta e meia, leio na Bíblia.

Penso que, por Jesus ser assim para mim, pelas interpretações que faço da leitura bíblica, não consigo compartilhar com muitas das ortodoxias religiosas. Aliás, compartilho da minoria. Daquelas que ainda conseguem manter a poesia e a beleza do Natal, porque captam a mensagem do Menino Deus que veio ao mundo para, entre outras coisas, nos lembrar de que também somos Meninas e Meninos (Humanos), porém com a centelha Divina. E, por incrível que possa parecer, é esta centelha Divina que ajuda muitos de nós a nos perdoar pelos equívocos que cometemos e perdoar aqueles que se equivocam conosco e pelo mundo afora. Porque se conseguimos, ainda, exercer generosidades, é porque recebemos doses suficientes de amor e generosidade, que no meu humilde ponto de vista, são passadas de geração em geração pelo Amor Primeiro e Ancestral, por Quem é essencialmente AMOR!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

GOVERNAR, EDUCAR, PSICANALISAR...

Freud, em sua trajetória intelectual, afirmou em determinado momento que:
"...governar, educar e psicanalisar são tarefas impossíveis..."
Sobre a governança não escreverei, porque não tenho propriedade sobre conceitos sociológicos amplos, e por isso, prefiro não me manifestar.
Com relação às questões da educação e da psicanálise, concordo com Freud de forma parcial.
Bem ou mal, as pessoas estão passando por processos educacionais e de psicanálise.
Lembrei desta afirmação devido ter visto novamente o filme "Esse obscuro objeto do Desejo" de 1977, do espanhol, naturalizado mexicano, Luis Buñuel.
Quando pensamos em educação ou em processos psicanalíticos, a temática do desejo fica em relevo, porque tanto para se educar, como para se psicanalisar, o desejo precisa ser encarado de frente. Não me parece inteligente ignorar os processos inconscientes do desejo nestes dois segmentos da vida, sob sérios riscos de recalcar aspectos importantes, relacionados às satisfações relativas ao saber, que se desdobrarão em diversos pontos: profissionais, intelectuais, de posicionamento social, entre outros.
E, ao mesmo tempo, como entender este desejo, ou circunscrevê-lo em espaços e lugares rígidos como instituições de ensino ou consultórios, uma vez que Buñuel no referido filme, destaca com muita propriedade a qualidade fugidia do desejo...
Uma das possibilidades que me parece possível é relativa ao desenvolvimento sistemático de uma escuta ampla, sensível e qualificada nestes espaços, permitindo que desejos, potências e leituras de mundo se expressem, num processo contínuo de elaboração.
Entendo também, que é mais interessante que os processos em questão possam ter aspectos flutuantes, e, como numa rede da internet, abrir vários links que possibilitem o desejo passear com fluidez para pousar e para flutuar sempre que se fizer necessário ao ser desejante!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AMOR ROMÂNTICO

Fico intrigada com a força que possui a representação do amor romântico. Por mais tecnologia que se desenvolva, por mais descoladas que as pessoas pareçam ser, esta representação romântica do amor sempre retorna.
Escrevo pensando em uma sobrinha adolescente, que sempre comenta comigo sobre a saga denominada "CREPÚSCULO" que segue com força total, tendo como protagonistas uma garota "teen" e um garoto vampiro que são absolutamente apaixonados. Tão apaixonados que a garota deve, nós próximos capítulos, abrir mão de sua humanidade em nome do "amor" que sente pelo jovem vampiro em questão.

Assistimos ou ouvimos de um romance que terá sua musa transformada em vampira, após se entregar "de corpo e alma" ao vampiro, e algumas coisas me passam pela caxola:

- me parece que o amor romântico está bem representado, em se tratando de vampiros, porque neste tipo de amor, onde a simbiose predomina, o que um mais faz com o outro é sugar as energias que ambos possuem, o que é o marco de uma relação simbiótica, onde as individualidades ficam comprometidas.

- mas, será que os vampiros aguentariam uma relação desta natureza sendo que estarão aí pelo resto da eternidade? (se nós, meros mortais já não suportamos por muito tempo, imaginem eles?)

Brincadeiras a parte, porque vampiros são seres da fértil imaginação humana, me parece que, independente da vida que nos dá mostras suficientes da "roubada" que é uma relação calcada no amor romântico, este segue seu curso, sempre se renovando e retornando em formas e linguagens, carregando MUITA gente para as salas de cinema e leitura de livros diversos sobre o tema, deixando homens e mulheres perplexos e muitas vezes perdidos pelo caminho, como que "mortos vivos" procurando pelo "paraíso perdido" que pensam ter conhecido na relação romântica, como se esta, pudesse ser eterna.

domingo, 23 de outubro de 2011

ATOS DE FÉ E... RISCOS

Certa feita, ouvi de uma professora de filosofia muito querida por mim, que viver é um ato de fé. Fé que independe de crenças religiosas.
Acrescentou, ainda:
- "...viver é um ato de fé e um risco..."
Mediante tal afirmação, vários jovens universitários (como eu à época) começaram a elaborar uma série de reflexões. O que, diga-se de passagem, nas aulas desta professora, eram um verdadeiro deleite.
Esta afirmação voltou à minha memória devido a uma situação, onde diversos pais precisavam decidir se assinavam ou não, uma autorização para que suas crianças desfrutassem do passeio de um dia à uma colônia de férias no litoral, com um grupo de educadores.
Estas crianças já estão com os educadores há 8 meses, num processo de educação não formal, que tem como um dos princípios, entre outros, o fortalecimento da autonomia da criança.
Os pais, em seu direito legítimo, indagaram o grupo de educadores, buscando por garantias de que "nada de ruim" atingiria suas crianças.
Porém, como seres humanos que somos, expostos ao risco de viver, me pergunto e pergunto a todos:
- Quais garantias se pode oferecer numa situação como essa?
Ouso respostas possíveis:
Pode-se garantir:
- uma equipe reforçada;
- duplas de educadores experientes que fiquem com um número de crianças que receberão cuidados adequados;
- transporte adequado com motoristas experientes;
- pedido de reforço aos guarda vidas do local;
- seguro de vida (ou de morte?!);
- e assim por diante...
Mas, pode-se garantir que "nada de ruim" aconteça?
Não, nenhum de nós pode garantir um seguro de vida sem riscos.
Porque, ao tentar evitar o que podemos entender como riscos, na realidade, o que estaremos fazendo é evitar viver a vida, que já carrega em si todo o risco!
Quem de nós cresceu sem encarar riscos?
E, finitos que somos, qual seria a graça e o sentido de não corrermos os riscos de nossa pequena existência?

domingo, 25 de setembro de 2011

ARTISTA AUTISTA

Jargões não faltam para enaltecer a função social da arte.
E, compartilho com a idéia de que a arte, em suas múltiplas facetas contribui para ampliar os limites de nossa existência.
Porém, participando de diversas atividades artísticas, me deparo com situações onde a minha vontade é jogar tomates em alguns seres. Seres que se auto denominam artistas, mas que para mim são autistas. (Reforço aqui meu profundo respeito às pessoas que sofrem de autismo, de fato).
Mas aqui, o que chamo de "artistas autistas" são aquelas pessoas que se arrogam o nome de artistas, porém, não conseguem estabelecer um diálogo por meio de sua arte. Estão pouco ou nada interessados no público, contrariando a máxima do poeta: "todo o artista tem que ir aonde o povo está". Pessoas blasés e fechadas num círculo elitista, sem expressão e potência.
Não existe sentido em se arrogar o termo artista se não se quer atingir as pessoas com a possibilidade da potência da expressão artística!
Fico aqui, pensando se este autismo artístico é mais um sintoma de nossa sociedade, tão apática!

domingo, 11 de setembro de 2011

POP

ARTE POP

Por volta de 1960, muitos artistas defenderam uma arte popular (POP) que tivesse comunicação direta com as pessoas, por meio de imagens criadas com os objetos de uso cotidiano.
Andy Warhol foi um pintor, cineasta e empresário norte americano, um dos expoentes mais conhecidos do Movimento da Arte Pop. Uma das técnicas que utilizava consistia em pegar várias imagens iguais e pintá-las com cores vibrantes e diferentes, juntando depois todas elas numa série.

Pensando nisso, a Cia Noz de Teatro estreou no início deste mês, o espetáculo infanto juvenil "POP". Assisti com minha sobrinha de 3 anos. Eu gostei e minha sobrinha não tirou os olhos do palco um segundo sequer.

Uma crítica sempre bem vida, um espetáculo despretencioso, que passa o recado de forma clara e divertida. Recomendo para os maiores e menores (sendo que os pequenos só verão se os maiores levarem!).

POP
Cia Noz de Teatro
Criação e Direção e Figurinos: Anie Welter
Elenco: Cida Sena, Paulo Henrique Alves, Sheyla Coelho e David Assis.
Música: Dr Morris
Produção Musical: Yvo Ursini

SESC Belenzinho
R. Pde Adelino, 1000
Tel.: 2076-9700
até 02/10/2011
sábados e domingos, 12h
R$8,00 - R$4,00 e R$2,00

terça-feira, 16 de agosto de 2011

ESCOLHAS E ESCAPES...

Nós fazemos escolhas diversas durante a vida!
Porém, mesmo cônscios das escolhas, temos, ao longo da jornada, dificuldades em nos responsabilizar por elas.
E, vez ou outra, tentamos "escapulir" de nossas responsabilidades pelas escolhas, porque elas exigem de nós boa dose de maturidade. E, queremos justificar as "escapulidas" como algo sem nenhuma importância. Será mesmo que são algo sem importância? Ou será que, o peso de algumas escolhas fica, muitas vezes, tão insuportável, que para mantê-las precisamos de certas possibilidades de escape?


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FOFOCAS E FOFOCAS...

A palavra fofoca já é uma palavra que provoca uma certa curiosidade:

- fó fó ca (como se fosse acentuada mesmo).

Porém, acentuados são alguns dos tons utilizados pelos contumazes fofoqueiros.

Tem aqueles que, para zelar pelo estilo utilizam tons de comédia. Outros de drama, e outros, de suspense (para provocar ainda mais a curiosidade do interlocutor). Mas, para mim, os piores são aqueles que obtém um prazer imenso por destilar seu mais cruel veneno nas suas fofocas. Esses são os de caráter duvidoso.

Por serem, normalmente, pessoas insuportáveis, precisam apimentar fatos corriqueiros tornando-os fofocas (e apelando para o ditado popular "quem conta um conto, aumenta um ponto"), destilando prazerosamente seu veneno, com o intuito mesmo de prejudicar o ser em questão da fofoca. Algumas dessas fofocas chegam a tal ponto, que o prejuízo pode ser moral! Muitos de nós já lemos notícias onde o que começou como boato, gerou uma onda de repetição, acabando por trazer prejuízos financeiros e morais. E, isso é muito grave.

Infelizmente, muitos se pautam por estes seres fofoqueiros, porque a maior parte tem vidas tão vazias, que buscam preenchê-las sugando conteúdos alheios.

Que chatice, minha gente, que chatice!

Mas...
"...a gente vai levando essa vida...".

Porém, se mesmo levando essa vida, você se indigna com a crueldade dos seres fofoqueiros, eu convido você a ridicularizar estes sujeitos ou sujeitas com a mais pura indiferença.
Porque é isso que merecem: indiferença!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O QUE NÃO CALA

Por que não cala e sempre abala...
Por que não cala e simplesmente acaba...
Por que não cala, não se resigna, não se vai...
Porque, (talvez), o que não cala, é o que realmente valha!

terça-feira, 12 de julho de 2011

AMADURECER

A passagem do tempo dividida em horas, dias, meses e anos foi uma invenção humana. Mais uma invenção que contribui para nos atualizar, a cada momento, de nosso amadurecimento e envelhecimento cronológico.
Para mim o cronos não tem nada de lógico. Tudo parece cada vez mais ilógico, isso sim, a cada aniversário.
Tudo parece ilógico, porque, uma das premissas da psicanálise com a qual concordo é que o inconsciente é atemporal. E, como para mim faz sentido que somos seres ilógicos, que o inconsciente nos rege em grande medida, em cada aniversário a atemporalidade se faz sempre presente. Porque, se de um lado, o corpo denuncia explicitamente a passagem do tempo, de outro lado, as emoções nos remetem sempre às lembranças da infância e juventude.
Ou seja, há sempre um descompasso entre corpo físico e psiquê! E, nesse descompasso vivemos nosso desconforto cotidiano! Desconforto esse, que muitos tentam driblar por meio da "estética sintética". Estão aí as estatísticas de cirurgias plásticas para comprovar!
Mas, para as agruras da vida não existe plástica que dê jeito. Por isso, ainda prezo pelo bom e velho companheiro de viagem: o exercício do pensamento crítico. Este sim, pode nos ajudar a viver o cotidiano de forma mais saudável e integrada, sem necessidade de tantas fragmentações a cada vez que nos olhamos no espelho.

sábado, 9 de julho de 2011

PELEGO

José é um cara de uns 40 anos. Participou de muitas passeatas, comícios e manifestações de sua geração, em prol do fortalecimento da democracia em seu país.
Trabalhou em veículos de comunicação reconhecidos por suas vertentes mais à esquerda do ponto de vista ideológico. Discurso articulado, defesas das liberdades sempre incluídas. Cara admirado em seus circulos de amizade.

Mas, quando ingressou num tipo de Instituição que lhe proporcionou um status do qual nunca tinha gozado, as coisas começaram a mudar...

Mudaram tanto, que hoje os antigos amigos não o reconhecem mais e, os caras novos, com quem trabalha, o chamam de pelego, ou, escroto mesmo. Daqueles que babam ovo para os considerados chefões, se curvando às mais medíocres solicitações!
Suas práticas cotidianas de trabalho ficam, a cada dia, mais estúpidas com aqueles a quem chama de "subordinados", acreditando mesmo que é um ser superior.

Onde será que foi parar todo o seu histórico social e seu senso democrático?

Muitos ousam responder que nunca existiu. Que, na realidade, José é daqueles oportunistas de plantão, que se utiliza de todos os meios para ser considerado "o cara da vez"...
Num momento histórico em que popularidade estava relacionada com engajamento político e participação, foi isso o que fêz, e noutro, onde a lógica instrumental e utilitarista impera, onde o dinheiro compra princípios e torna muitos caras como ele populares e reconhecidos em meios sociais que valorizam, surfam nesta onda! Dizem que, o que conta mesmo, para José, é "a onda da vez"!

domingo, 19 de junho de 2011

COM PULSÕES

COM - PULSÕES

Pulsão é um conceito utilizado de forma recorrente pela psicanálise.
Pulsamos porque temos muitas energias que nos atravessam e fazem com que nosso desejo se movimente. Diferente dos animais que agem por instinto, nós agimos atravessados pela nossas pulsões, movimentadas pelo desejo, através do psiquismo.
E, o psiquismo humano é formado, desde o nosso nascimento, por diversas instâncias:
familiares, sociais, culturais. Daí, tamanha diversidade!

E, de uma forma ou outra, temos nossas compulsões. Aquelas coisas que fazemos de forma repetitiva, porque ficamos perdidos, muitas vezes, em nossa estrutura que se pauta por vários tipos de faltas existenciais.
Pulsamos tanto, muitas vezes, que as compulsões são um tipo de transbordamento dos desejos e das faltas que não conseguimos conter corpórea e psiquicamente.

Cada um pode pensar em atos bobos (ou nem tão bobos assim) que repete à exaustão, e indo mais longe, pensar nas compulsões mais sérias, como o uso de drogas pesadas, que levam o ser à uma espiral de destruição, porque daí o que impera é um tipo de pulsão de morte.

Escrevo sobre isto, porque fui fazer uma visita profissional à uma clínica de recuperação para pessoas viciadas em álcool e drogas e sai pensando muito sobre o assunto. Neste dia em que estive presente, os familiares das pessoas internadas também foram visitá-los. Presenciei cenas diversas entre as famílias e as pessoas que estão em recuperação, e entre estas cenas, várias me deixaram mais reflexivas.

Fiquei aproximadamente 5 horas na clínica. Tempo que me permitiu compartilhar de um trabalho sério, onde existem possibilidades reais para aqueles que querem entender a si mesmos, a estrutura familiar em que estão, e sua sociedade. E escolher a busca de um caminho que conduza para uma pulsão de vida, invertendo a lógica perversa que o uso de drogas conduz. Nada simples, ao contrário, bem complexo, principalmente numa sociedade que prima em estimular demasiadamente nossas pulsões mais primitivas, através dos bens de consumo. Porém, a recuperação é possível para aqueles que, vítimas de suas compulsões, se encontram prisioneiros de si mesmos. Porque também se faz necessário movimentar o desejo em prol da PULSÃO DE VIDA, exercendo o pensamento sobre nossas ações! Viver dá trabalho!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

SOBRE O QUE É BOM

Bom é deixar se levar pelas crianças sapecas e seus questionamentos...
Bom é tomar cerveja com amigos e jogar conversa fora...
Bom é viver sem pretensões megalomaníacas...
Bom é dormir gostoso, com a tranquilidade de que o dia valeu a pena...
Bom é beijar na boca sem a preocupação de quem nos olha...
Bom é acessar o conhecimento e ter a generosidade de compartilhar...
Bom é viver!
"...viver e não ter a vergonha de ser feliz..."

domingo, 1 de maio de 2011

TRABALHO

Trabalho, em latim, se pronuncia tripalium.
Tripalium era um instrumento de tortura utilizado na Idade Média.
E, o trabalho tem sido, de forma recorrente, exercido sob algum tipo de tortura, na maioria das vezes.
É só percorrer a história e avaliar as diversas formas de trabalho e suas torturas até os dias de hoje. Não é difícil observá-las presentes de alguma forma:
- tortura pela alienação das linhas de produção e seus movimentos repetitivos.
- tortura nas linhas de atendimento ao consumidor, com pessoas afastadas por diversos motivos.
- tortura por motivos de assédio moral, onde aqueles que são chamados "superiores" (chefes no senso comum) assediam os funcionários de forma a lhes causar pânico de perderem seu emprego.
- tortura por tipos de trabalho onde a pessoa precisa ficar horas em pé, sem lhe fornecerem um assento, por puro sadismo.
(aliás, grande parte dos chefes tem o sadismo como estilo).
- e, diversos outros tipos de tortura que cada um pode elencar a partir de suas experiências.
Claro que os trabalhadores, de forma geral, também criam seus mecanismos de defesa, (que bom!) mas que são reduzidos progressivamente devido ao modelo econômico vigente. O que prevalece é a insegurança pela perda de um emprego muitas vezes medíocre, e a submissão, em muitas ocasiões, a formas e estilos de trabalho opressivas e humilhantes.
Muitos já vaticinaram que progresso é um engodo. E, em muitos casos é mesmo. No caso do trabalho, entramos no século XXI sustentando uma sociedade que ainda se pauta por modelos arbitrários nas suas relações trabalhistas. Em muitos locais ainda impera algum tipo de "coronelismo" ao bom e velho modelo escravagista que nossa sociedade sustentou por tanto tempo. E, que dizer das longas jornadas? Jornadas que precisam ser pensadas desde a hora que a pessoa sai de sua casa, se submete aos transportes coletivos, o tempo que passa no local de trabalho e o tempo de retorno, novamente submetida a meios de transportes questionáveis nos horários de pico, devido à super lotação.
Neste dia do trabalho repetem-se "homenagens" aos trabalhadores.
Mas, a melhor homenagem seria considerar, de fato e de direito, que todos são seres dignos de respeito. Porque na maior parte das situações, o que presenciamos são estilos de chefias e de governos que tratam os trabalhadores de forma preconceituosa, reduzindo suas possibilidades de serem ouvidos levando em consideração todo o histórico social e particular em que se encontram.

domingo, 24 de abril de 2011

TRAVESSIAS

São muitos os relatos bíblicos que tratam de travessias, literais ou metafóricas.
Gosto desta palavra: travessias.
Estamos sempre realizando algum tipo de travessia na vida (também, de forma literal ou metafórica).
Quando penso no ritual da páscoa, e em em toda a simbologia que carrega, sempre volta à lembrança a dureza da vida com suas nuances de esperança. Aparece sempre uma exortação para que façamos as travessias necessárias, sob pena de ficarmos presos numa depressão ou algum tipo de frustração...
Na tradição judaica, por exemplo: o povo ficou peregrinando 40 anos pelo deserto, batendo cabeça entre si pelas brigas internas, até que, finalmente, entram na Terra Prometida (conseguem atravessar o deserto após um tempo bem longo de aridez).
Claro que, depois, voltam aos seus conflitos habituais, mas ao menos, percorreram a jornada.
Assim parece nossa vida em muitos momentos; ficamos caminhando pelo deserto algum tempo, até que possamos dar os passos necessários para um espaço menos árido!
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Na tradição cristã, Jesus carrega sobre si toda uma simbologia que já vem do Antigo Testamento. É oferecido como o "cordeiro" de Deus que veio para limpar os homens de seus "pecados", suas mesquinharias, através da graça que é alcançada mediante a fé. Jesus realiza a travessia da vida corpórea para a vida espiritual, através do seu sacrifício.
E sua mensagem, independente de alguns entenderem como fato e outros como ficção, sempre nos exorta arriscar fazer travessias que possam resultar numa vida mais digna de ser vivida.
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Os tempos não são fáceis. São recorrentes casos escandalosos de todos os tipos.
Mas, ainda penso que vale a pena ampliar os limites da reflexão séria. Pela busca de travessias que nos tornem menos medíocres e mais potentes em ações que valham a pena!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SOBRE SE SUPERVALORIZAR

Comum tem sido conviver com pessoas que necessitam se supervalorizar o tempo todo.
Parece mais um imperativo desta sociedade que tem como mote a competição exacerbada e o consumo como fim de tudo.
Ficam o tempo todo querendo provar que são imprescindíveis e que sem elas nada acontece bem. Elas querem estar presentes em tudo, todo o tempo, como se fosse possível. E, adoram fiscalizar tudo também. O desejo que impera é o de onipotência. Aliás, se sentem meio "deuses" mesmo!

Como é cansativo conviver com estes seres. Mais cansativo ainda, é ter que ouvir o discurso desta supervalorização, juntamente com a necessidade de denegrir o trabalho dos que estão à sua volta.

Pensando um pouco mais sobre isso, estes seres que se utilizam desta estratégia constantemente, demonstram, na realidade, uma imensa insegurança. Insegurança que pode ser constatada nas posturas cotidianas, nos gestos mais simples.

Como estamos no período pascal, e sou uma pessoa que possui fé na possibilidade das pessoas adquirirem o bom senso algum dia na vida, vou ficar torcendo para que ocorra esta renovação com estes seres. Afinal de contas, acreditar na possibilidade de transcendência contribui na caminhada!

quarta-feira, 30 de março de 2011

MULHERES, HOMENS E AFINS

São bem conhecidas, teses clássicas sobre comportamentos femininos e masculinos.
Li, recentemente, um texto explicitando um ponto de vista masculino sobre as mulheres, que vaticina (ao bom tom da música cantada por Erasmo Carlos) que "toda mulher quer um homem para chamar de seu"! Clichezão que muitos gostam de repetir exaustivamente.
Pode até ser que a maior parte das mulheres queiram mesmo um homem para chamar de seu, porque as carências são várias. Mas e os homens, os homossexuais, transsexuais e afins? Será que a maioria dos que estão dentro destas categorias também não querem alguém para chamar de seu? E os homens? A mim, parece que, adoram ter a mulher que chamam de sua esperando em casa. Mesmo que, vez ou outra, dêem seus pulinhos fora do matrimônio, adoram ter para onde voltar e achar sua bela (metafórica ou literalmente) mulher vos esperando. Existem muitas pesquisas afirmando que dificilmente o homem pede a separação conjugal. Afirmam que, na maioria dos casos, não pedem a separação porque teriam mais gastos financeiros.
Me parece mais inteligente assumir que todos somos seres carentes de afeto e consideração. Que é bom ter alguém que nos considere especial. Principalmente, nos momentos mais difíceis.
É sempre um reducionismo quando classificamos tudo de forma generalizada. É bom tentar realizar exercícios de ampliação do pensamento e constatar que existem muitos seres, independente de seu gênero sexual, que são sensíveis e buscam parceiros porque acreditam na possibilidade de boas trocas afetivas. Esta possibilidade de sair dos clichês nos dá maior alento para viver. E, é bom conviver com as pessoas que sairam desta "zona de conforto" dos clichês, jargões e discursões prontos para consumo! Porque afinal, salve, salve a inteligência!

sábado, 12 de março de 2011

DEVASTAÇÕES

Nos últimos 5 anos temos sofrido, de forma recorrente, com desastres naturais de proporções gigantescas.
Só para relembrar alguns: tsunamis com terremotos onde mais de 250.000 pessoas morreram em meados de 2006 na região da Indonésia, o terremoto que devastou o Haiti em 2010, as tragédias provocadas pelas chuvas em vários Estados do Brasil e agora a tragédia que assola o Japão.
Sempre que acontece algo dessa magnitude, é comum que as pessoas, de forma geral, manifestem preocupações "apocalípticas". Para os crentes em algo, várias referências são citadas, sejam da Bíblia ou de livros e profecias conhecidos de maneira mais geral pelo grande público.
Porém, o que sempre parece mais difícil, é que olhemos para nós mesmos, para nossa história e a história da humanidade e façamos reflexões lúcidas e críticas sobre estas hecatombes.
Não sei quem é autor desta frase, mas concordo que:
- "...somos um grão de areia na imensidão do universo..."
Mas, infelizmente, mesmo sendo tão pequenos diante da imensidão universal, temos muitas vezes, um ego tão gigantesco que nos impede de ser dignos de viver neste planeta, que ainda, tem sido provedor das espécies.
Esta egolatria, aumentada pela ganância desenfreada da onda consumista, tem, em meu humilde ponto de vista, acelerado em demasia as tragédias ambientais. Penso, por exemplo, nas usinas nucleares e nos acidentes já ocorridos.
Por mais que estejam na moda e na pauta da agenda política contemporânea as discussões sobre a urgência de medidas para a proteção ambiental, o que mais se acelera é a corrida dos países pela produção e aumento de suas reservas financeiras e manutenção de seu staus quo social.
Ainda são incipientes as medidas necessárias para a reversão de agentes que aceleram a destruição do planeta.
Penso que por mais otimistas e críticos que sejamos, estamos num momento crucial da nossa história como humanos. Caso as reflexões e medidas políticas, sérias de fato, acontecem ou, o que parece mais provável, é que o número de gerações futuras está com os dias literalmente contados.

domingo, 6 de março de 2011

MASCARADOS

A máscara é um objeto utilizado há tempos remotos. Na Grécia Antiga, palco da comédia e da tragédia teatral, as máscaras sempre ocuparam lugar de destaque.
E, no Carnaval, trata-se de um dos adereços badalados pelos foliões!

Aprofundando só um pouco, penso que independente de usarmos literalmente as máscaras, somos todos mascarados.
Mascarados porque vivemos num mundo tão complexo, que estabelece leis de convivência tão mesquinhas, que muitas vezes precisamos dispor de máscaras variadas nos contextos onde nos relacionamos.

Verdade é também que, saber quem realmente somos não se trata de algo fácil. Somos tantos e tantas dentro de nosso psiquismo que é ingênuo pensar que contamos com uma coerência constante. Penso que um dos pilares para que Jung estabelecesse o termo persona, tem fundamentação neste preceito de sermos tantas e tantos psiquicamente.

Claro que é bom contarmos com a maior dose de coerência que possamos ter, uma vez que já estejamos em certa faixa etária e tenhamos passado por "boas" experiências nesta vida.

Fiquei pensando sobre a questão das máscaras por conta de ter ido à uma brincadeira de carnaval e visto várias crianças se divertindo com suas máscaras e fantasias.

É bom contar com um período catártico como o carnavalesco, porque assim, muitos de nós afugentamos nossos "monstros internos" com nossas fantasias e máscaras, literais.

quarta-feira, 2 de março de 2011

CADEIAS ALIMENTARES

O conceito "cadeia alimentar" é muito utilizado no mundo animal. Existe uma hierarquia entre os animais onde se estabelece quem come quem primeiro, para o equilíbrio deste reino.
É a famosa "lei da selva".

Em certos contextos, é utilizado para se referir às pessoas que estão em posições hierárquicas superiores dentro de diversas Instituições.

Muitas vezes, se refere literalmente ao ato de uns comerem os outros, e em outras vezes, se refere a possibilidade daqueles que estão na parte de cima da cadeia alimentar "ferrar" os que estão embaixo, pelo simples fato de atribuirem a si mesmos certos poderes.
Isto, na realidade, se chama abuso de poder.

O que mais podemos perceber nos contextos organizacionais são pessoas em cargos de chefia que abusam do poder que "pensam" ter em seus cargos. Porque, objetivamente, o poder que as chefias tem, se restringe a coordenar a equipe no que tange aos aspectos profissionais, relacionados à responsabilidade que o cargo de cada um pressupõe. Por isso mesmo, em diversas instituições há um setor que cuida de cargos e salários, onde existe uma descrição pormenorizada das responsabilidades de cada função.
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Considero muitas chefias absolutamente hipócritas. Hipócritas porque se fiam em discursos construídos de forma alheia a si mesmas, somente para se auto afirmar e receber promoções. Afinal, querem subir na cadeia alimentar, e tentar "comer" os que consideram inferiores...

Como já vaticinou um filósofo do século 19:
"...para conhecer um vilão, basta lhe dar um bastão..."

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DISCURSOS

A fala é um dos principais aspectos pelos quais nos tornamos humanos. É através dela que se constroem ou destroem muitos pilares sociais.
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Gosto de conversar. Gosto de pessoas que conversam com fluidez, expressando suas idéias de forma clara.
E, penso que a capacidade e a forma de elaborar a forma discursiva é um dos aspectos que nos ajudam ou atrapalham em nossas relações.
Por melhor que seja a intenção, se o discurso não for convincente e coerente com as ações, temos grandes chances de "morrer na praia" depois de muito ter nadado.
Essas idéias ficaram aqui na caxola depois de ter assistido ao filme "O DISCURSO DO REI".
Trata-se do enfrentamento da gagueira daquele que viria a ser o futuro rei George VI da Inglaterra no período que vai de 1936 até 1952, ano de sua morte.
O período era tenso mundialmente devido a recente Primeira Guerra e a iminência da Segunda Grande Guerra. E no plano particular, um tipo de crise familiar levou o filho primogênito Edward, a abdicar do trono após ter assumido. Com a abdicação, o próximo a assumir o trono foi Albert que sofria de uma gagueira, impedindo-o de discursar. E, este impedimento já lhe havia causado vários constrangimentos públicos. Porém, mediante a urgência do contexto, e com a contribuição de sua mulher que já lhe havia apresentado vários profissionais, eles vão até um chamado Lionel Logue, australiano de nascença (a Austrália era colônia inglesa à época) . Este profissional, com seu estilo nada ortodoxo para a época, e valorizando a escuta e o vínculo relacional para a evolução do tratamento, contribui para que o Rei empossado faça seu primeiro discurso, quando então declara guerra à Alemanha, após a invasão desta à Polônia.
É um momento tenso em todos os aspectos, e deste discurso depende a credibilidade do rei junto ao seu povo, temeroso pela guerra. A competência dos atores torna o filme interessante em minha análise. E, nos mostra da forma mais explícita, como a escuta apurada e um vínculo de confiança faz a diferença num tratamento, e como um discurso pode mudar o rumo de uma situação que aparentemente tinha tudo para ser catastrófica.
Confira e faça suas avaliações!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

ROTINA

Muitas vezes nos queixamos do processo rotineiro de nossas vidas.
Caso a vida siga um fluxo mais ou menos sequencial, significa que estudamos, trabalhamos, cuidamos de nós, de nossas coisas, de nossos filhos, sobrinhos, pais que estão envelhecendo, de nossa casa, de familiares afins, pagamos contas e compras parceladas. Assim caminhamos na jornada de nossos dias por aqui.

Quando jovens, são comuns os brados de que seremos diferentes dos demais, que os acontecimentos extra ordinários acontecerão de maneira mais corrente conosco, e que não deixaremos nossas vidas "cair na rotina".
Que ilusão - e boa no período da juventude - de que a rotina é algo a ser combatido.
É esta possibilidade de algum ordenamento na vida que permite uma formação mais consistente. Claro que em alguns momentos da vida é bom ser surpreendido ou se presentear com momentos extra ordinários. Todos sabemos, porém, que estes são momentos diferenciados, e por isso se tornam tão especiais.

Dúvidas de que a rotina é saudável?
Faça um levantamento das pessoas que não tiveram rotina em sua educação quando crianças e jovens. Foram criadas à revelia de limites. Sem medo de errar afirmo que são pessoas que tem sérios distúrbios comportamentais na vida social.

Sem ingenuidade, também sabemos que, de acordo com o passar dos dias, nossas rotinas serão transformadas por acontecimentos comuns à vida. Mas, se tivermos clareza de que são acontecimentos "comuns à vida" e não "tragédias", alcançaremos o amadurecimento para a convivência com uma nova rotina a ser aprendida. Exemplo: adoecimento grave de algum ser querido para nós.

Somente a vida formada e vivida de acordo com limites e rotinas que estabeleçam critérios para o discernimento do que é certo e errado poderá nos dar estrutura para conviver com as dores e as alegrias da vida.

Aprendi com a maturidade (sempre um processo, também) que a rotina é algo a ser celebrado.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ESTOICISMO

Pelo que compreendo, estoicos são aqueles que mantém uma certa postura de "indiferença", seja qual for a situação. Não esboçam reações mediante situações de tristezas, alegrias, tragédias.
Algumas leituras que fiz sobre Sigmund Freud lhe classificam como um estoico. Um homem que conseguiu manter a "indiferença" mediante as situações mais extremas. Perdeu uma filha ainda jovem e dois filhos foram para a guerra.
Desconfio desta (mais uma) classificação que deram a Freud, porque pelas leituras, pude depreender que ele viveu intensamente sua vida. Parece-me que manteve serenidade mediante suas dificuldades, mas sentiu de forma intensa tudo o que padeceu, se alegrou com suas descobertas e desfrutou ainda em vida de certos reconhecimentos.
Fiquei a pensar sobre isso, sobre "ser estoico" e os desdobramentos desta atitude. Alguns filósofos destacam o estoicismo como virtude, algo a ser adotado. Não sei se, por ignorância, ou falta de condições psíquicas, penso que adotar uma forma de viver que prime por uma postura estoica me parece bem difícil. Parece que se faz necessário não sentir. E, como não sentir? Podemos até manter uma postura mais distanciada de certas coisas, ficar alheios em certas situações, mas até isso é demonstração de que nos protegemos de determinadas coisas ou situações que nos afetam.
Me parece impossível não se deixar afetar. Com o amadurecimento, até conseguimos ter menos reações passionais, porque várias delas são mesmo sinal de imaturidade. Porém, diante de certas situações como agir, ou não agir?
Gostaria muito que pessoas que entendem mais sobre este termo e esta "forma de ser" pudessem me apresentar seus argumentos. Fiquei muito curiosa a respeito.
Não podemos confundir estoicismo com determinadas psicopatologias, entre elas a perversão e a psicopatia. Psicopata é aquele que, de fato, não sente. De fato não se importa. Mas este conceito se enquadra num tipo de doença psíquica. Não é disso que trato aqui. Minha curiosidade se dirige a pessoas que entendem que existem seres que adotam o estoicismo como jeito de viver ou "são estoicos" mesmo.
Alguém aí se habilita a me fornecer mais dados a respeito?